ESCASSEZ DE ÁGUA É O TEMA DE "URINAL", O MUSICAL
Montagem original estreou em Nova York, em
2001, e foi vencedora de três prêmios Tony
A versão brasileira da
comédia “Urinal, o musical”, dirigida por Zé Henrique de Paula, tem 21
indicações a prêmios, entre eles o Shell e APCA. Com 16 atores e cinco músicos
no elenco, o espetáculo, que faz parte da Mostra 2016 do Festival de Curitiba,
aborda a escassez de água em uma cidade.
Uma seca de 20 anos
(época conhecida como os Anos Fedidos) causa uma terrível falta de água, fazendo
com que banheiros particulares deixem de existir. Toda a atividade sanitária da
população é realizada em banheiros públicos controlados por uma megacorporação
chamada Companhia da Boa Urina, comandada pelo ardiloso Patrãozinho. Para
controlar o consumo de água, as pessoas devem pagar para usar essas
dependências.
Há leis severas
garantindo que o povo pague para fazer xixi, e se elas forem quebradas, o
culpado é enviado para uma suposta colônia penal chamada “Urinal”, de onde os
criminosos jamais retornam. Tudo caminha bem, até que o jovem Bonitão, incitado
pela bela e radiante Luz, aprende a ouvir seu coração e inicia uma revolta
popular que pode mudar o destino de todos.
“A escolha do texto se
deu, principalmente, pela atualidade e contundência dos temas que aborda: o
consumismo, o poder das corporações, a escassez de recursos naturais e a vida em
padrões sustentáveis. Em meio à maior crise hídrica já vivida no estado de São
Paulo, nos parece essencial trazer ao debate as consequências de um estilo de
vida que já ultrapassou todos os limites de sustentabilidade. Por meio do humor
e da música, questões urgentes são trazidas à cena, ilustrando um futuro
apocalíptico que em muito se assemelha ao presente que vivemos”, afirma o
diretor Zé Henrique de Paula.
A montagem tem como
inspiração principal os cabarés alemães na primeira metade do século XX,
especialmente da obra de Brecht e Weil. “Os próprios autores declararam beber
diretamente da Ópera de três vinténs, cuja ambiência sombria e decadente lembra
muito a de Urinal. Ao mesmo tempo, a peça é uma distopia futurista a la George
Orwell e Aldous Huxley, o que nos impeliu a estudar essa forma específica e as
inúmeras maneiras de aplicá-la a uma encenação teatral”, completa Zé
Henrique.
“Em Urinal experimentamos
trabalhar com um musical americano em moldes completamente diferentes dos que
observamos em musicais desse tipo, mesmo em nosso país. Primeiro, não realizamos
audições, o elenco é quase todo formado por atores com grande experiência em
teatro e com pouca ou nenhuma experiência em musicais. Segundo, o tratamento
sonoro, há uma heterogeneidade muito grande de idades e tipos físicos dentro do
elenco e isto se reflete na sonoridade do grupo”, afirma a diretora musical
Fernanda Maia. Uma banda instrumental formada por piano, baixo, bateria,
clarinete, saxofone e trombone, acompanha o espetáculo.
A cenografia e figurinos
são assinados por Zé Henrique de Paula. A peça se passa em vários espaços e foi
criado um dispositivo cenográfico com escadas e níveis, que multiplicam e
diversificam esses ambientes. A inspiração são os becos vitorianos, as imagens
de Gotham City, as fábricas abandonadas e a arquitetura dos banheiros públicos
no fim do século XIX.
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