MARIA ALICE VERGUEIRO DIRIGE E ATUA ESPETÁCULO DESAFIANDO A MORTE

Já estamos na segunda semana desta edição do Festival de Curitiba, hoje o destaque é para a peça em que a atriz Maria Alice Vergueiro ensaia o próprio funeral.   

Atriz veterana do teatro traz experiência,  irreverência e ousadia
 ao Festival de Curitiba

Morrer em cena. Esse foi um dos pontos de partida para o início do projeto idealizado pela atriz Maria Alice Vergueiro em “Why the horse?” Com 80 anos, mal de Parkinson e dificuldade de locomoção, Maria Alice Vergueiro continua se desafiando e busca o novo em sua carreira com essa montagem, que tem dramaturgia de Fábio Furtado e conta com Luciano Chirolli, Carolina Splendore, Alexandre Magno, Robson Catalunha, Otávio Ortega e Rafael Faustino no elenco.

Instigada pelo tema da morte e reconhecendo seu próprio e natural receio diante do fim, bem como a força artística que o envolve, Maria Alice convocou seus parceiros do Grupo Pândega de Teatro para a criação de um espetáculo em que pudesse ensaiar seu derradeiro momento. Um último ensaio, em que ela e os demais participantes, entre os quais Luciano Chirolli, seu parceiro artístico de metade da vida e também vencedor do prêmio Shell de melhor ator pelo espetáculo “As Três Velhas”, possam mergulhar nesta temática ao mesmo tempo tão pessoal e universal, cerne do imaginário grotesco, tão caro ao histórico teatral de Maria Alice. 


Em formato de happening, a montagem tem muita da sua linguagem baseada no trabalho de Alejandro Jodorowsky, uns dos cineastas contemporâneos preferidos de Maria Alice, além de fazer referência a “Fim de Partida”, texto de Samuel Beckett, um dos autores mais presentes na trajetória da musa do teatro underground brasileiro, assim como Hilda Hilst, que também aparece em “Why the horse?”.

Processo de Criação
A ideia para essa montagem surgiu junto com um convite para o Grupo Pândega: uma residência na SP Escola de Teatro. Maria Alice puxou o grupo num intenso mergulho na obra de Jodorowsky, além do próprio Beckett. E o formato happening sempre vinha para o centro dos debates, acompanhado do tema da morte como manifestação do desejo de Maria Alice Vergueiro de realizar seu último ensaio: morrer em cena.

Durante a criação, o grupo buscou em cada um dos seus integrantes um pouco dos diversos significados e visão pessoal da morte. E, nessa época, Maria Alice Vergueiro esteve internada por conta de um derrame. Ela brinca que a internação foi o seu workshop para o espetáculo. “Levei a tarefa a sério e fiz bem o meu trabalho de pesquisa”, diz a atriz.

Luciano Chirolli, parceiro profissional de Maria Alice em oito peças, diz que esse foi um dos momentos mais tensos e que o fato acabou impactando no material de criação de “Why the horse?”. “Eu vivi um dia de luto pela Maria nessa internação. Teve um dia que fiquei bem preocupado com o estado de saúde dela e chorei horrores. Isso acabou virando tema de debates no grupo e influenciou no meu papel. Em cena, meu personagem e o da Maria acabam competindo para ver quem morre primeiro”, explica Chirolli.

Em busca da morte
Aos 80 anos e mais de 50 de palco, Maria Alice não pensa em parar. Em suas palavras, sempre um pouco irreverentes: "com sorte pode ser que eu morra em cena. Se não, estaremos de volta no dia seguinte”. E é em torno disso que o espetáculo gira.  Maria diz que quer ensaiar a morte para não ser pega de surpresa. Essa busca constante da morte em cena faz com que o espetáculo também traga à luz a discussão sobre fracasso e frustração.

Serviço: " Why the Horse?"
28/3 às 19 e 21h30

Teatro da Reitoria.
A venda dos ingressos será pelo site www.festivaldecuritiba.com.br 

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