PIANÍSTICO 2020 MARCA RETOMADA DE EVENTOS CULTURAIS

 


Festival será de 3 a 6 de Dezembro, com protocolos rigorosos no teatro, atrações no modelo “drive-in” e toda a programação transmitida via YouTube e Facebook; entre os destaques, nomes como a lituana Mūza Rubackytė e os brasileiros Amilton Godoy e Cristovão Bastos

Espetáculos sem intervalo, para evitar aglomerações, medição de temperatura, fornecimento de álcool gel, uso obrigatório de máscaras pelo público e músicos, até a entrada no palco, uso de ambiente natural, sem condicionador de ar, nas apresentações em locais fechados. Único grande evento cultural deste estranho 2020, o 3º Pianístico de Joinville, confirmado para o período de 3 a 6 de Dezembro, tem uma boa receita para fechar, com arte e beleza, um ano tão difícil e complexo. Uma das novidades é a realização de dois concertos transmitidos no formato de lives, pelas redes sociais do festival (detalhes na programação, mais abaixo).

Nesta edição, o festival será um pouco mais restrito – mas pleno. Começa em 3 de Dezembro, às 20h, no Teatro Juarez Machado, em noite dedicada à ajaezada música brasileira e à magia de uma carreira de 49 anos de um memorável trio de músicos geniais. “Tributo ao Zimbo Trio”, com Amilton Godoy, fundador do grupo, traz alguns emblemas dessa inesquecível trajetória, como o primeiro arranjo do Zimbo feito para “Garota de Ipanema” e o hino brasileiro “Aquarela do Brasil”. E, para relembrar os LPs do Trio com orquestra, uma faixa registra Johann Sebastian Bach. Durante a trajetória de 49 anos na ativa, o grupo gravou 51 discos, entre LPs, EPs e CDs, editados em 22 países. 

A montagem de um espaço de drive-in, no estacionamento do Shopping Mueller, no Centro da cidade, é um dos diferenciais desta edição: o pianista norte-americano Jeff Gardner se apresenta em Joinville com seu trio. O show, às 17h do dia 4, marca a estreia do novo trio de Gardner, com o baterista Carlos Bala e o jovem e virtuose baixista Michael Pipoquinha. O repertório autoral é baseado nas composições do Jeff, em ritmo de samba, choro, baião, bossa, afro jazz e gospel.    

Uma das principais atrações internacionais do festival, neste ano, é a pianista Mūza Rubackytė, da Lituânia, que faz seu concerto no sábado, 5, às 20h30. Frequentemente convidada para os principais palcos mundiais, da França à Rússia, de Pequim a Tóquio, Mūza estudou piano no Tchaikovsky Conservatory, de Moscou, e já atuou com os mais renomados maestros. Também é regularmente convidada para membro de júri de importantes competições internacionais e tem discografia com mais de 30 títulos. Para o concerto em Joinville, seu programa traz a Sonata em Mi Menor de Leopold Godowsky, em cinco movimentos, e duas peças de Frederic Chopin: Fantasia opus 49 e Sonata no 2 (Marcha Fúnebre).   

Ainda entre os destaques da programação, chama atenção o talento precoce de Olívia Tebaldi, de Vitória (ES). A menina, de 9 anos, começou a estudar piano aos 4. Aos 6, já participava de concursos de piano, no Brasil e, mais recentemente, no exterior. Ela se apresenta no último dia do Pianístico, 6 de dezembro às 17h, no Teatro Juarez Machado.

Já o encerramento do 3º Pianístico traz, novamente, a riqueza do piano brasileiro, nas mãos de Cristovão Bastos, domingo, 6, às 19h30, no Juarez Machado. Respeitado e admirado no cenário musical, este carioca nascido no bairro de Marechal Hermes, na cidade do Rio de Janeiro, completa 74 anos no dia da abertura do festival, com 50 de carreira. Cristovão foi um dos fundadores da célebre Banda Black Rio, é conhecido por parcerias com nomes como Chico Buarque (na canção “Todo o Sentimento”), Aldir Blanc e Paulinho da Viola. Versão da música que compôs com o poeta Abel Silva, chamada “Raio de Luz”, foi gravada em 1999 pela norte-americana Barbra Streisand.   

A realização do Pianístico é uma afirmação da importância da cultura nas nossas vidas”, pondera Carlos Branco, presidente da Comissão Central Organizadora e curador artístico. Para o produtor, a redução das contaminações no país possibilita pensar num novo momento, em que a cultura retorne, pouco a pouco. E o Pianístico é um passo nesse sentido. “Vamos retomar com todos os cuidados que o momento exige. O festival terá três formatos: presencial, on-line e no sistema drive-in, todas atividades com entrada franca e transmissões gratuitas”, explica, ao lembrar que o festival se viabiliza por ser um evento diferenciado, que não gera grandes aglomerações – e, ainda assim, o público será reduzido em, no mínimo, 50%. “A transmissão de todas as atividades online, pelo Youtube e Facebook do festival, irá possibilitar a ampliação deste público para além da cidade de Joinville, no país e no mundo”, acrescenta.   

A produtora cultural Albertina Tuma, coordenadora geral, explica que este é um evento completamente diferente das grandes festas que foram canceladas. “O formato não segue os padrões das edições anteriores e foi muito bem pensado. A música servirá como um acalento. E tem o poder de transformar vidas, ajudando a diminuir esse efeito da pandemia, trazendo um pouco de esperança. Várias cidades já adotaram esta alternativa, a da música. É o mundo aos poucos voltando à normalidade.” Na coordenação técnica do festival, a professora Karina Menezes.   

Programação didática   
A tradicional programação didática inclui, neste ano, uma importante ação com os professores da rede municipal de ensino de Joinville, em uma formação que relaciona o piano com as outras linguagens artísticas descritas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Os professores e alunos receberão uma cartilha, “Pianístico nas Escolas”, que será usada na prática docente e que disponibiliza atividades, informações, links e curiosidades sobre o piano. “A proposta é articular a música a outros saberes culturais, interrelacionando à diversidade artística humana e pensando na construção do conhecimento musical do professor e do aluno”, explica Patricia Sirydakis, professora de piano e coordenadora do projeto educacional do Pianístico. A formação será realizada com o curso online ministrado pela professora Patricia e, também, com a execução prática dos professores com os alunos. Um terceiro momento deve ser o retorno dos professores, após o evento. 

A lituana Mūza Rubackytė (acima) é um dos destaques da programação.

Confira a programação completa deste 3º Pianístico de Joinville 

3 de Dezembro, quinta-feira

20h – Amilton Godoy – Homenagem ao Zimbo Trio – Teatro Juarez Machado

4 de Dezembro, sexta-feira

10h – Carla Reis – Curso Piano Pérolas – Teatro Juarez Machado

15h – Live (Salt LakeCity – EUA) – Alon Goldstein (Israel)

17h – Jeff Gardner Trio (EUA) – Shopping Mueller (estacionamento)

19h – Alberto Heller – Teatro Juarez Machado

20h30 – Luciano Leães Trio – Shopping Mueller

5 de Dezembro, sábado

10h – Jeff Gardner – Workshop “Harmonia da Música Popular” – Casa da Cultura

14h – Alberto Heller – workshop “Corpo – Energia – Movimento na Música” – Casa da Cultura

16h – Live (Santiago-Chile) Armands Abols – Letônia

18h – Adrian Iaies y el Colegiales Trio (Argentina) – Teatro Juarez Machado

20h30 – Mūza Rubackyte (Lituâna) – Teatro Juarez Machado

6 de Dezembro – domingo

11h – Fernando Leitzke (convidado especial: Oscar Bolão) – Teatro Juarez Machado

17h – Olívia Tebaldi – Teatro Juarez Machado

19h30 – Cristovão Bastos – Teatro Juarez Machado


QUEM É QUEM   
Conheça os músicos que estarão no Pianístico 2020

Amilton Godoy – o pianista apresenta um trabalho em homenagem ao histórico grupo Zimbo Trio, do qual foi fundador, e à “nata” da MPB. O Zimbo Trio nasceu nos anos 1960, no auge da Bossa Nova, e gravou mais de 50 discos fazendo música instrumental brasileira, sozinhos ou com a participação de cantoras como Elis Regina e Elizeth Cardoso. “Tributo ao Zimbo Trio” relembra músicas emblemáticas, como o primeiro arranjo do Zimbo feito para “Garota de Ipanema”, além de trazer uma homenagem personalizada em “pot-pourri” para Milton Nascimento e sua revolução harmônica. A intenção principal de Amilton é enaltecer a obra do Zimbo Trio, por meio da regravação de algumas de suas melhores músicas. Ao seu lado, o baterista Edu Ribeiro e o contrabaixista Sidiel Vieia.

Mūza Rubackytė – depois de se diplomar no Tchaikovsky Conservatory de Moscow, a pianista nascida na Lituânia venceu o All Union Competition em São Petersburgo. Em Paris, conquistou o Concours international Les Grands Maîtres Français, da Triptyque Association, criada por Ravel, Dukas e Roussel. Na França, foi convidada para o prestigiosos festivais e salas de concerto, como Champs Elysées, Unesco, Opéra Bastille e Capitole-Toulouse. Apaixonada por Lizst, foi uma das primeiras pianistas a tocar o conjunto de três suítes Years of Pilgrimage inteiras em três concertos no mesmo dia. Frequentemente convidada para os principais palcos pelo mundo, em centros como Londres, Santiago do Chile, Buenos Aires, Genebra, Amsterdam e Moscou. Em 2012, tocou o concerto para piano e orquestra Resurrection, de K. Penderecki, homenagem às vítimas do 11 de Setembro de 2001, em Porto Rico. Regularmente convidada para o júri de importantes competições internacionais. Sua discografia tem mais de 30 títulos. Em 2019, dois novos discos com gravações para piano e orquestra de Bartok, Liszt e Schubert/Liszt e um álbum com o quarteto de cordas Mettis, em homenagem a Shostakovich e Weinberg.

Cristovão Bastos – estudou teoria musical e acordeom desde cedo, formando-se aos 13 anos, quando iniciou a carreira, tocando em bailes. Parceiro de nomes como Chico Buarque – com quem compôs “Todo o Sentimento” e “Tua Cantiga” –, Aldir Blanc (“Resposta ao Tempo”) e Paulinho da Viola. Criou e assinou arranjos para discos e shows de Nana Caymmi, Elza Soares, Gal Costa, Nelson Gonçalves, Paulinho da Viola, Ângela Maria, e Chico Buarque. Intérpretes como Simone, Ney Matogrosso, Maria Bethânia, Elizeth Cardoso e a americana Barbra Streisand gravaram suas composições. Também compôs trilhas para cinema. Foi contemplado, como arranjador, com o Prêmio Sharp, em várias categorias e por diferentes trabalhos. 

Adrian Iaies & El Colegiales Trio – pianista, compositor, arranjador e produtor, Iaies gravou diversos discos em sua intensa carreira e obteve três indicações para os Prêmios Grammy. Foi diretor artístico do Festival de Jazz Internacional de Buenos Aires. Seu novo projeto se chama El Colegiales Trio, ao lado do argentino Facundo Guevara (percussão) e da colombiana Diana Arias (contrabaixo). O trio apresenta “La Paciencia está en Nuestros Corazones”, disco gravado após uma turnê pela África do Sul. Trata-se da música original de Iaies, mantendo sua essência jazzística, a que se soma o caráter local da personalidade de Guevera e a pulsação latina forjada por Arias em anos tocando salsa e música caribenha. O pianista realizou mais de 250 concertos fora da Argentina, em centros como Barcelona (Espanha) e Vancouver (Canadá). Já dividiu o palco com nomes como Ron Carter, Stanley Jordan, Bebo Valdés, Richard Bona e Toots Thielemans. 

Alberto Andrés Heller – compositor, pianista e pesquisador. Nascido em Buenos Aires, emigrou para o Brasil aos 2 anos de idade e naturalizou-se brasileiro em 1989. É graduado e pós-graduado como pianista concertista pela Escola Superior de Música Franz Liszt, em Weimar, Alemanha, mestre em Educação e doutor em Literatura. Já tocou em países como Itália, Suíça, Áustria, Holanda, China, Japão, Argentina e Uruguai, em apresentações solo, música de câmara e junto a diversas orquestras. Seu repertório se estende do período Barroco até a música contemporânea, mas o maior foco tem sido a música do período Clássico: Haydn, Mozart (integral das sonatas), Beethoven e Schubert, bem como a interpretação de suas próprias composições e improvisações. Exerce intenso trabalho como arranjador, especialmente junto à Camerata Florianópolis, com quem tem parceria desde 2000. 

Armands Abols – com atuações na Europa, América do Sul, Canadá e Estados Unidos, o pianista, nascido na Letônia e morando no Chile, já se apresentou em importantes palcos, como Weill Hall e Carnegie Hall, tendo atuado também com orquestras como Royal Philharmonic Orchestra, Gulbenkian Chamber Orchestra, e Chile Philharmonic Orchestra. Professor do Conservatório de Música da Universidade Austral, do Chile. Gravou a The Chilean Piano Music Anthology, nas comemorações de 200 anos do Chile, com alguns dos principais compositores chilenos. Chamou atenção da cena musical internacional muito cedo ao vencer o Grand Prix Gold Medal, no Maria Canals International Piano Competition, em Barcelona, como solista da Barcelona Symphony Orchestra, em 1992. 

Alon Goldstein – fez sua estreia com orquestra aos 18 anos, com a Filarmônica de Israel, sob a direção de Zubin Mehta, e retornou por várias vezes com o maestro Herbert Blomstedt, interpretando o Concerto Nº 1, de Beethoven. Nas recentes temporadas, atuou com a Filarmônica de Los Angeles, Orquestra Philadelphia e as sinfônicas de San Francisco, Baltimore, St. Louis, Houston, Vancouver, Kansas City, Indianópolis e Carolina do Norte, além de orquestras na França, Rússia, Romênia e Bulgária. Também mantém uma presença constante em gravações pelo selo Naxos, incluindo concertos para piano de Mozart. Apaixonado por educação musical, atuou como professor no Steans Institute of the Ravinia Festival, no Gilmore International Keyboard Festival e no “Tel Hai” International Piano Masterclasses em Israel. Venceu inúmeras competições, como Arianne Katcz Piano Competition em Tel Aviv, Nena Wideman Competition nos Estados Unidos, e o Francois Shapira Competition, em Israel. 

Fernando Leitzke – pianista, compositor e arranjador, é natural de Pelotas (RS). Há 10 anos no Rio de Janeiro, teve, como professores, pianistas como Cristovão Bastos e Leandro Braga. Em sua bagagem, a vivência com ritmos do Rio Grande do Sul, onde participou de festivais nativistas, da Argentina e do Uruguai. No Rio de Janeiro, fez shows ao lado de Ronaldo do Bandolim, Yamandu Costa, Eduardo Neves, Aurea Martins, entre outros. Participou do disco “Noel Rosa em Preto e Branco”, da cantora Valéria Lobão, ao lado de pianistas como Itamar Assiere, João Donato e Cristovão Bastos. Dirige o grupo Candombaile Carioca, com foco na música latino-americana, ao lado de Eduardo Neves, Guto Wirtti e Aquiles Moraes. Professor de piano na Escola Portátil de Música (EPM). Em fevereiro de 2020, fez uma série de concertos em Nova York, ao lado do cantor Gabriel Cavalcante e do violonista João Camarero.

Jeff Gardner – nasceu em Nova York e vive no Brasil desde 1980. Tem se apresentado com estrelas do jazz, como Kenny Wheeler, Eddie Harris, Steve Lacy, Freddie Hubbard, e artistas brasileiros como Mauricio Einhorn, Arismar do Espírito Santo, Helio Delmiro, Leny Andrade, Dori Caymmi. Tem 18 CDs gravados. Ex-professor na New York University, Autor de cinco livros didáticos e mais cinco livros lançados por conta própria, incluindo “Jazz Lines”, série de estudos melódicos sobre standards de jazz. Seu trio, com baixo e bateria, apresenta o espetáculo “Abraços”, homenagem aos grandes nomes da música instrumental brasileira em ritmo de samba, bossa, baião, candomblé e chorinho.    

Olívia Tebaldi – começou a estudar piano aos 4 anos, em 2015, em Vitória (ES). Desde então, já fez masterclasses com renomados pianistas, como Linda Bustani e Cristian Budu. Aos 6 anos, iniciou sua participação em concursos nacionais de piano, nos quais obteve a primeira colocação. Também foi laureada com o prêmio máximo em alguns concursos internacionais, na Colômbia, na Ucrânia, na Grécia e na Indonésia, além de classificações em outras competições, nos Estados Unidos, Portugal e Finlândia.  

Luciano Leães – a turnê do seu primeiro disco, “The Power of Love”, alcançou mais de 100 shows no Brasil e no exterior. Somente nos Estados Unidos, foram cinco turnês. Com mais de 20 anos de carreira Leães é o criador e curador do projeto Clube do Blues, responsável por reinserir Porto Alegre na rota dos shows de blues internacionais. Em 2019, fez mais uma turnê por Nova Orleans. Em parceria com músicos espalhados pelo Brasil e pelo mundo, iniciou neste ano as gravações do seu segundo disco por meio do financiamento coletivo “Vida de Pianista”,  www.catarse.me/lucianoleas. Foi agraciado duas vezes pelo Prêmio Açorianos de Música como melhor instrumentista. 

Carla Reis – natural de Varginha (MG), graduou-se em piano pela Escola de Música da UFMG e obteve o título de Mestre na UFRJ. É professora de piano desde os 15 anos. Aperfeiçoou-se também na Alemanha e em Portugal, apresentando tese sobre a formação pianística a partir de uma perspectiva sociológica. Desde 2006, integra o corpo docente do Departamento de Música da Universidade Federal de São João del Rei (Minas Gerais), atuando nos cursos de graduação e pós-graduação. Além da atividade docente, apresenta-se com regularidade como solista e camerista. É idealizadora e coordenadora do Programa de Extensão “Piano.Pérolas”, que visa à formação de professores de piano.



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