CD “TRIPTICO” TRAZ O LEGADO MÚSICAL DE GRUPOS HISTÓRICOS DE CURITIBA

 “TRIPTICO” TRAZ O LEGADO MÚSICAL  DE GRUPOS HISTÓRICOS DE CURITIBA SERÁ LANÇADO DIA 28, ÀS  20, NA CAPELA SANTA MARIA  

Curitiba foi nos anos 80 e início dos 90 um centro de divulgação e
performance de música antiga no país. Isso relaciona-se diretamente a
ações da Fundação Cultural de Curitiba, que criou em 1974 a Camerata
Antíqua e em 1982 a Oficina de Música. A história de identificação da cidade com esse gênero musical passa, contudo, por dois grupos que não
chegaram ao século XXI: o Conjunto Renascentista de Curitiba e o Studium
Musicae, que juntos duraram de 1981 a 1994. “Tríptico”, CD triplo produzido por Alvaro Collaço mostra a música desses grupos. Produzido em 2021, o disco será lançado em 28 de Abril, em concerto na Capela Santa Maria em Curitiba, com entrada franca. 

O concerto de lançamento terá no palco músicos,  cinco músicos que participaram dos grupos: os alaudistas Angelo Esmanhotto e Sérgio Silvestri, os flautistas Flávio Stein e Plínio Silva e o vielista Júlio Coelho, além do percussionista Fábio Mazzon, como músico convidado. 

O CD 1 desse disco triplo apresenta um concerto inédito do Renascentista, de 25 de Novembro de 1982 no Teatro do Paiol, áudio descoberto por Collaço na Casa da Memória e digitalizado por Carlos Freitas. O CD 2 traz o LP “As Cruzadas”, do Studium Musicae, de 1985, e o áudio até então inédito do        concerto “A Sátira e o Amor na Idade Média”, gravado no Teatro do Paiol em 31 de Agosto de 1984, outra descoberta de Collaço, na Casa da Memória. 
O CD 3 traz o CD “Holland Tour”, gravado pelo Studium Musicae em 1994, em turnê realizada por igrejas nos Países Baixos. “É um importante registro da música antiga feita em Curitiba nos anos 80 e inicio dos 90 por grupos importantes a sua época, mas que estavam esquecidos. O CD vem finalmente dar o devido espaço dos grupos na história musical de Curitiba, porque nem mesmo em univerdades eles eram lembrados”, diz o produtor Alvaro Collaço.     

Os grupos 

O Conjunto Renascentista de Curitiba nasceu da iniciativa da gambista Eunice Brandão (1960-2001). Ela tinha 20 anos de idade no final de 1980, quando levou a Lúcia Camargo (1944-2020), então diretora da FCC, um  projeto sobre a criação do grupo que diferenciava-se muito da Camerata, por trazer ao público a música da Renascença e instrumentos como alaúde, viola da gamba, crumhorn, saltério, naipes completos de flauta doce e tambores. E trazia músicos se apresentando com figurinos de época, o que fazia com que a plateia a cada concerto ganhasse uma viagem no tempo. A estreia como Conjunto Renascentista da Camerata Antíqua de Curitiba ocorreu em 9 de Junho de 1981, no Asilo São Vicente de Paulo, em Curitiba. O Renascentista era dirigido pelo maestro Roberto de Regina, tinha a coordenação de Eunice Brandão, a presença de Ingrid Seraphim como cravista e músicos muito jovens, alguns seguiriam uma carreira internacional como oboista Alex Klein, o cantor Luiz Alves da Silva e Carlos Harmuch, que viria a ser diretor de ópera, além da própria Eunice, que foi uma das principais colaboradoras de Jordi Savall. O grupo foi formado ainda pelos flautistas Flávio Stein, Plínio Silva, Janete Andrade, e Brian Lottis, o alaudista Angelo Esmanhotto e os cantores Norberto Pavelec e Fernando Rodrigues (1954-1994). Alex Klein, a flautista Dulce Leandro e o violoncelista Antonio Brandão integraram o grupo em 1981. O grupo enquanto Renascentista existiu até 1983, quando Eunice foi morar na Suíça.  O concerto do Renascentista tem a participação especial do hoje cravista Edmundo Hora. “O Renascentista nunca foi a um estúdio de gravação e essa é uma gravação histórica, feita para o registro de atividades do Teatro. É importante para se ter a ideia da sonoridade e da energia do grupo e de como a música antiga era recebida pela plateia naqueles anos, de um modo muitas vezes esfuziante”, diz Alvaro Collaço, produtor e idealizador do CD. O áudio com cerca de 47 minutos era desconhecido dos músicos até 2012. 

O CD 2 traz a primeira formação do Studium Musicae, que iniciou suas atividades em 1983 e teve atividades até 1987. O LP “As Cruzadas”, de 1985, foi o primeiro disco brasileiro com repertório exclusivo de música medieval.  O Studium era dirigido por Flávio Stein e integrado por Carlos Harmuch, Brian Lottis, Angelo Esmanhotto, Janete Andrade, Norberto Pavelec, Plínio Silva e dois músicos que haviam entrado no grupo após o fim do Renascentista: Alexandre Castilho (1952-1986), e João Carlos Ribeiro (1952-1994). O disco trouxe participação de Fernando Carvalhaes (1951-2006).  Por ter 40 minutos de gravação, no CD foi possível inserir parte de um concerto inédito: “A Sátira o Amor na Idade Media”, do qual Fernando Rodrigues, participa. Esse áudio que por décadas permaneceu guardado nos arquivos da Casa da Memória. Só se tornou conhecido dos músicos com o CD “Tríptico” pronto, em 2021. “Esse registro é muito importante, porque oferece a ideia de como o grupo criava seus concertos, unindo música, literatura e teatro”, explica Collaço. O CD 2 tem 73 minutos de duração.

O terceiro CD traz a última formação do Studium Musicae, que havia retornado às atividades em 1990 e durou até 1994, ano em que realizou uma turnê em igrejas dos Países Baixos, a então Holanda. O grupo trazia o flautista Plínio Silva, o alaudista Sérgio Silvestri, o violonista e rabequista Julio Covello e os percussionistas Edgar Nogueira e Luciano Madalozzo. Na igreja de Thesinge o grupo o CD “Holland Tour”, que teve como inovação a época a fusão da música brasileira de Luiz Gonzaga e Heitor Vila-Lobos com música antiga: “Asa Branca” com “Kalenda Maia”, “Ária das Bacchianas nº 4” com “Los sets goyts”. Essa proposta antecedeu ao belo trabalho que o grupo Anima, de Campinas, faria pouco depois ainda nos anos 90.

Triptico” é um disco de memória, idealizado e produzido por Alvaro Collaço que, por ser jornalista escreveu alguns textos contando a história dos grupos. O CD traz três encartes, um para cada disco, que totalizam 80 páginas, depoimentos de músicos e quase uma centena de fotografias captadas a época, a maior parte de autoria de Neni Glock. A direção de arte é de autoria de Cid Pierin e a capa de Luiza Urban, sobrinha de Eunice Brandão. A capa dos encartes são de Preticia Jerônimo e João Ferrer.

           “Triptico” foi produzido por meio da Lei Municipal de Cultura de Curitiba, da Fundação Cultural de Curitiba e teve a Celepar, como incentivador principal, e a BRT Turismo.  

O concerto de lançamento tem apoio do ICAC - Instituto Curitiba Arte e Cultura.  Será uma festa da música antiga”, diz Collaço, entusiasmado com as reações que tem encontrado com o CD. O disco estará à venda no site da Tratore, que o disponibilizará nas mídias digitais, e em Curitiba, nas Lojas Fígaro: (041) 3322-1310.


Fotografia 1 e 2 - Neni Glock. 

 

 

 

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