Temática
Na
tarde em que o príncipe dom Pedro chegou às margens do Ipiranga, em 7
de setembro de 1822, o Brasil estava empanturrado de escravidão. Comprar
e vender gente era o maior negócio do novo país independente.
Homens
e mulheres escravizados perfaziam mais de um terço do total de
habitantes, estimado em 4,7 milhões de pessoas. Outro terço era composto
por negros forros e mestiços de origem africana – uma população pobre,
analfabeta e carente de tudo, dominada pela minoria branca. Os
indígenas, já dizimados por guerras, doenças e invasão de seus
territórios, sequer apareciam nas estatísticas.
Na
definição de José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da
Independência, a escravidão era "um cancro que contaminava e roía as
entranhas da sociedade brasileira".
Péssima herança
Disseminado
por todo o território, o escravismo perpassava todas as atividades e
classes sociais. Maior território escravista da América em 1822, o
Brasil assim se manteria até o final do século XIX, com sua rotina
pautada pelo chicote e pela violência contra homens e mulheres
escravizados.
“Nenhum
outro assunto é tão importante e tão definidor da nossa identidade
nacional quanto a escravidão. Conhecê-lo ajuda a explicar o que fomos no
passado, o que somos hoje e também o que seremos daqui para a frente”,
fala o escritor.
Ao
mesmo tempo, Laurentino salienta que o fim da escravidão no Brasil só
aconteceu porque não havia mais como sustentá-la, mas passou longe de
ser um plano focado nas pessoas e na condição social.
“O
Brasil não conseguiu ter um projeto nacional para incorporar sua
população afrodescendente na sociedade, na condição de cidadã; não
distribuiu riquezas, não alfabetizou e o resultado é o que vemos hoje.
Desigualdade social no Brasil é sinônimo da herança da escravidão”,
completa o escritor.
Sobre o autor
Paranaense de Maringá e sete vezes ganhador do Prêmio Jabuti de Literatura, Laurentino Gomes é autor de 1808,
obra sobre a fuga da corte portuguesa de dom João para o Rio de Janeiro
(eleito o Melhor Ensaio de 2008 pela Academia Brasileira de Letras); 1822, sobre a Independência do Brasil; e 1889, sobre a Proclamação da República; além de O caminho do peregrino, em coautoria com Osmar Ludovico da Silva — todos publicados pela Editora Globo Livros.
Formado
em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná, com pós-graduação
pela Universidade de São Paulo, é titular da cadeira de número 18 da
Academia Paranaense de Letras.
Serviço:
O que: Lançamento de Escravidão - Volume 3: Da Independência do Brasil à Lei Áurea (Editora Globo Livros, 592 págs., R$ 59,40), bate-papo com o escritor Laurentino Gomes e sessão de autógrafos no livro
Quando: Quinta (14 de Julho), às 19h
Onde: Livrarias Curitiba do Shopping Palladium [Av. Pres. Kennedy, 4121, Portão, tel. 41-3330-6777, Curitiba-PR]
Quanto:
A entrada é franca, mas para garantir os autógrafos e fotos é preciso
ter o livro e retirar uma das 200 senhas que já estão sendo entregues no
local.
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