Em busca de igualdades
Ruth
Manus esclarece que o livro contra o machismo não é um livro contra os
homens, que não são só os homens que têm atitudes machistas; até mesmo
algumas mulheres são machistas.
“Quando
falamos em machismo estamos falando de algo que oprime a vida dos
homens também (não poder chorar, não poder ganhar menos que a mulher,
não poder ser vulnerável, não poder dizer que precisa de apoio de saúde
mental e tantas outras truculências). Por outro lado, lembramos que as
mulheres também estão contaminadas pelo machismo – e é preciso fazer um
trabalho intenso de autocrítica. É preciso ser um trabalho conjunto da
sociedade”, diz.
Contudo, a luta feminista busca
principalmente a igualdade de direitos, oportunidades e tratamento
entre homens e mulheres e se desdobra em vários segmentos. “O
movimento feminista luta contra a situação de inferioridade em que a
mulher ainda vive na sociedade”, reforça a escritora que já publicou
outros quatro títulos, todos pela Editora Sextante.
Segundo a ONU Mulheres – criada em 2010 para unir, fortalecer e ampliar os esforços mundiais em defesa dos direitos humanos das mulheres - mesmo
após décadas de ativismo e das dezenas de leis sobre igualdade
salarial, as mulheres ainda ganham menos de 80 centavos para cada dólar
recebido por homens. E, de acordo com o Fórum Econômico Mundial, no
ritmo atual, o mundo precisará de 257 anos para superar essa
desigualdade de gênero no trabalho.
Masculinidade tóxica
Outro tema abordado no livro Guia prático antimachismo - Para pessoas de todos os gêneros envolve a masculinidade tóxica.
O
conceito centra-se na ideia de que alguns traços culturais associados à
masculinidade são arcaicos, perpetuando a homofobia, a tendência à
violência, a hipercompetitividade e o desejo de dominação.
“A
crença popular de que ‘os homens são assim mesmo’, eles têm
comportamento violento, não demonstram emoções, tendem a dominar ou
controlar os outros reforça comportamentos prejudiciais instigados aos
homens, em vez estimular um movimento, a partir da educação e da
informação, no sentido de levá-los a assumir seus erros e se desculpar
por eles”, destaca Ruth Manus.
A
autora também complementa que os homens não são criados para a
reflexão, para a serenidade, para a gentileza. A opressão masculina
começa ainda na infância, pregando a necessidade de força, rigidez,
velocidade e truculência. Se não ensinamos meninos a lidar com seus
sentimentos e os instigamos a ser cada vez mais brutos (chamando isso de
“ser homem”), não é de surpreender que haja muitos casos de violência
de gênero mais tarde.
O
isolamento decorrente da Covid-19 mostrou o exponencial aumento de
casos de violência doméstica. Seria isso um sinal de que, quando tiramos
os homens de ambientes onde eles canalizam a masculinidade tóxica -
como bares, estádios e estradas com alta velocidade - essa toxicidade
emerge dentro de casa? Provavelmente.
Ditadura da beleza
Para
Ruth Manus, enquanto o machismo prega padrões muito restritivos de
existência, o feminismo luta pela liberdade de ser plural. O machismo
define não apenas padrões comportamentais, mas também de aparência.
“A
ditadura da beleza estereotipada é uma verdadeira prisão para as
mulheres. É preciso ser magra, ter cabelos longos, esconder os cabelos
brancos e qualquer outro indício de envelhecimento. As mulheres passam
vidas inteiras tentando corresponder a uma expectativa imposta por
padrões distorcidos, tentando ter corpos que não são os seus, cabelos
que não são os seus e idades que não são as suas. Precisamos rever esses
conceitos, senão nunca teremos mulheres verdadeiramente emancipadas”,
complementa a escritora.
Sobre a autora
Ruth Manus é doutora em Direito Internacional pela Universidade de Lisboa, onde também cursou pós-graduação em Direito Europeu.
É
mestre em Direito do Trabalho, com ênfase no trabalho feminino, pela
PUC-SP. Ela vive desde 2014 entre o Brasil e Portugal. Também atua como
palestrante, é colunista do jornal português Observador e da revista
Glamour no Brasil, e autora de outros sete livros, entre eles Um dia ainda vamos rir de tudo isso; Mulheres não são chatas, mulheres estão exaustas e 10 histórias para entender o fim do mundo – este último, finalista do Jabuti 2021, em coautoria com Jamil Chade – publicados pela Editora Sextante.
Serviço: O que: Lançamento do livro “Guia prático antimachismo - Para pessoas de todos os gêneros” (ed. Sextante, 144 págs., R$ 29,90)
Quando: Amanhã (12 de Maio, quinta-feira), às 19h
Onde: Livrarias Curitiba do Shopping Palladium [Av. Pres. Kennedy, 4121, Portão, Curitiba-PR, tel. 41-3330-6777]
Quanto: A entrada é franca.
Aceda também: www.livrariascuritiba.com.br
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