CAIXA CULTURAL CURITIBA RESGATA A OBRA DE FARNESE DE ANDRADE
Mostra apresenta um conjunto de assemblages e objetos do artista
mineiro, um dos ícones da arte brasileira
A CAIXA Cultural
Curitiba apresenta, de 20 de Setembro a 19 de Novembro, a exposição Farnese de Andrade – Arqueologia Existencial.
A mostra
reúne um conjunto de obras pertencentes a coleções particulares e dos herdeiros
do artista, mapeando sua produção ao longo dos anos 1970, 1980 e 1990. A
exposição revela a linguagem única e singular do artista, mostrando sua
personalidade e trajetória fundida com as fases de sua obra. Na noite da abertura, dia 19 de setembro, o curador Marcus de
Lontra Costa estará presente. A mostra prevê recursos de cor, som e iluminação para acentuar as
características dos trabalhos e proporcionar ao público um clima lúdico e
intenso.
Farnese de
Andrade (1926-1996) é considerado
um dos mais expressivos artistas de sua geração. A exposição na CAIXA Cultural
propõe o resgate de sua memória através de uma mostra abrangente e relevante. O
artista contribuiu de forma decisiva para a história da arte brasileira e
agrega valores internacionais na construção das questões vanguardistas do
século XX.
Com uma
produção ininterrupta participou de diversas bienais no Brasil e no exterior e
suas obras hoje são disputadas entre grandes colecionadores. Farnese é um dos
mais valorizados artistas brasileiros e tem obras nas maiores coleções
particulares e museus do Brasil e do mundo, como: Coleção de Arte
Latino-Americana da Universidade de Essex, na Inglaterra, Instituto de Arte
Contemporânea de Londres, MAC Niterói (RJ), Museu de Arte Moderna de Nova
Iorque (MoMA), MAM RJ, Museu Nacional de Belas Artes e MAM SP, entre outras.
Além de obras,
a mostra apresentará o filme “Farnese” (1970) do cineasta Olívio Tavares e
Araújo – premiado como melhor curta-metragem no Festival de Brasília, em 1971,
e único filme latino-americano selecionado no Festival de Cannes, em 1972.
Também será exibido um vídeo contendo uma entrevista com o curador Marcus
Lontra e textos/poemas que ajudam a elucidar a trajetória e os fundamentos
artísticos de Farnese de Andrade.
Múltiplo Farnese
Farnese de
Andrade foi um artista múltiplo, cuja produção, vida e arte se enlaçam de
maneira inseparável dando origem a uma obra densa, de caráter fortemente
autoral. Começou sua carreira como desenhista e gravador e, a partir de 1964,
cria objetos ou assemblages com cabeças e corpos de bonecas, santos de gesso e
plásticos, todos corroídos pelo mar, coletados nas praias e nos aterros. Passa
a comprar materiais como redomas de vidro, armários, oratórios, nichos, caixas
e imagens religiosas em lojas de objetos usados, de antiguidades e depósitos de
demolição. Utiliza com frequência velhos retratos de família e cartões-postais,
e começa a realizar trabalhos com resina de poliéster, sendo considerado um
pioneiro da técnica no Brasil.
Apontado como
dono de uma personalidade difícil e de um trabalho marcadamente autobiográfico,
Farnese revelou nas obras sua densa trajetória pelas memórias de infância, do
pai, da mãe, dos irmãos, da sagrada família mineira e de sua fase oceânica,
além de um certo aspecto libertário e transgressor, a partir de sua mudança
para o Rio de Janeiro.
Enclausurado
na própria solidão, expressou principalmente o embate dos seus medos, dores,
tristezas, rancores, complexos, perdas, depressões, recalques, pânicos,
relações, fetiches, libido, euforias e alguma alegria. A poética de Farnese de
Andrade, pautada no inconsciente, contrasta com as de outras tendências do
período, como as da arte construtiva e concreta. Construiu assim, uma obra na qual
o lirismo oscila do concreto ao abstrato e o bruto consegue ser gentil.
Sua história
Farnese de
Andrade nasceu em Araguari. Entrou em 1945 na Escola do Parque de Belo
Horizonte, onde foi aluno de Guignard e contemporâneo de artistas como Amílcar
de Castro, Mary Vieira e Mário Siléso.
Quando
mudou-se para o Rio de Janeiro, em 1948, trabalhou como ilustrador para o
suplemento literário dos jornais Diário de Notícias, Correio da Manhã e Jornal
de Letras, e para as revistas Rio Magazine, Sombra, O Cruzeiro, Revista Branca
e Manchete, entre 1950 e 1960.
Sua primeira
exposição individual de desenhos foi em 1950. Em 1959, começou a frequentar o
ateliê de gravura do MAM RJ, onde estudou gravura em metal com Johnny
Friedlaender e Rossini Perez. Produziu gravuras abstratas, com formas regulares
e cores fortes. Nas matrizes, utiliza materiais encontrados nas praias, como
pedaços de madeira cheios de sulcos.
Em 1965,
realiza a série de desenhos Eróticos e inicia os Obsessivos. Bolsista do
governo brasileiro, viajou em 1970 para Barcelona. Sua volta em 1975 rendeu
frutos e a fama de Farnese fortaleceu a paisagem artística brasileira. Mas não
é por seu trabalho na gravura, sempre abstrato, nem como desenhista, seja
abstrato ou figurativo, que ele é, hoje, conhecido e reconhecido, mas pela
criação dos objetos chamados BoxForms, cuja matriz explodida e iconoclasta é o
Barroco da sua infância. Oratórios, pedaços de madeira de igreja, ex-votos,
etc. constituíram, até a sua morte, um mundo estranho, às vezes mórbido e com
fortes referências eróticas. Resultado de uma infância secreta, a obra sempre
onírica e poética dá força e senso a um trabalho sem igual.
Serviço: Artes Visuais: Farnese de
Andrade – Arqueologia Existencial
Local:
CAIXA
Cultural Curitiba – Galerias Mezanino e Térreo – Rua Conselheiro Laurindo, 280
– Curitiba (PR)
Abertura: 19 de Setembro
(terça-feira), às 19h
Visitação: 20 de Setembro a 19 de Novembro de 2017
Horário: terça a sábado, das 10h às 20h, e domingo, das 10h às 19h
Ingressos: entrada franca
Classificação etária: livre
para todos os públicos.
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