Louise Cardoso comemora 30 anos de carreira no FTC
A atriz Louise Cardoso comemora 30 anos de carreira com o papel-título do clássico de Brecht
Bertolt Brecht costumava dizer que os clássicos não podiam ter pó. Por terem sido revolucionários em sua época, não deveriam jamais soar datados. É este pensamento que norteia a montagem de “Mãe Coragem e Seus Filhos”, um dos destaques da Mostra Oficial do Festival de Curitiba 2008, dias 21 e 22, às 20h30, no Teatro da Reitoria. Com direção de Paulo de Moraes, o espetáculo festeja os 30 anos de carreira da atriz Louise Cardoso, que vive a protagonista, e os 20 anos da Armazém Cia. de Teatro.
“Assisti a todos os espetáculos do Armazém. Pensei neles quando resolvi montar a peça, pois sabia que iria precisar do suporte de uma companhia, pelo nível de complexidade do texto e da personagem”, conta Louise, que encarou um longo processo de ensaios antes da estréia.
Escrita em 1939, a peça foi concluída quando a Segunda Guerra Mundial começava e Brecht estava exilado na Escandinávia. O texto é ambientado na Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), que deixou a Alemanha em ruínas por séculos futuros e representou um dos marcos mais baixos da história do país. O momento histórico serve de pano de fundo para os conflitos de Mãe Coragem - Anna Fierling, mãe de três filhos, que viaja em uma carroça vendendo mercadorias para soldados e outros envolvidos com a guerra.
Patrícia Selonk interpreta o complexo papel de Kattrin, a filha muda, enquanto Marcelo Guerra e Ricardo Martins dão vida a Eilif e Queijo Suíço, os outros filhos da Mãe Coragem que, de uma forma ou de outra, têm suas trajetórias alteradas pela guerra.
A peça se divide em 12 quadros, formando uma espécie de crônica do cotidiano dos personagens que convivem com Anna Fierling e habitam o mesmo e devastado universo: uma prostituta (Simone Mazzer), para quem a guerra é uma bênção; um capelão (Sérgio Medeiros) e um cozinheiro (Thales Coutinho).
Reencontro com Brecht
O teatro de Brecht sempre esteve presente em momentos importantes da trajetória de Louise Cardoso nos palcos. Sua primeira peça, ainda como amadora, no Teatro Tablado, tinha texto do autor. Pouco depois, em sua estréia profissional, ela encenou “Beco do Brecht”, em 1977, no antigo Teatro Opinião. Não à toa, ela quis voltar ao universo político do autor alemão.
“A peça fala sobre intolerância, é extremamente atual, além de privilegiar as questões humanas. O texto oferece muita poesia em seus 12 blocos. Para o encenador, é um desafio por conta da questão narrativa”, explica Paulo de Moraes, que também assina a cenografia, ao lado de Carla Berri.
Fundada em Londrina(PR)e com sede no Rio de Janeiro há quase dez anos, a Armazém Cia. de Teatro encena seu primeiro Brecht, depois de conquistar platéias com peças baseadas nas dramaturgias de Will Eisner (“Pessoas invisíveis”), Samuel Beckett (“Esperando Godot”), Lewis Caroll (“Alice através do espelho”) e Nelson Rodrigues (“Toda nudez será castigada”. As duas décadas de atividade ainda serão lembradas com um livro comemorativo.
Ficha técnica:
Armazém Cia. de Teatro
Texto: Bertolt Brecht
Direção: Paulo de Moraes
Elenco: Louise Cardoso, Patrícia Selonk, Thales Coutinho, Sérgio Medeiros, Simone Mazzer, Marcelo Guerra, Ricardo Martins, Verônica Rocha, Simone Vianna, Isabel Pacheco, Raquel Karro e o músico Alexei Henriques (violino)
Tradução: Maurício Arruda Mendonça
Música Original: Paul Dessau
Tradução das letras das músicas: José Rubens Chachá
Cenografia: Paulo de Moraes e Carla Berri
Figurinos: Rita Murtinho
Iluminação: Maneco Quinderé
Direção musical: Alexandre Elias
Trilha Sonora Pesquisada: Paulo de Moraes
Preparação vocal: Simone Mazzer
Preparação corporal: Patrícia Selonk
Fotos de cena: Lenise Pinheiro
Programação Visual: Redondo Design
Produção: Sarau Agência de Cultura Brasileira
Realização: Louise Cardoso Produções Artísticas
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