MEMÓRIA DAS CHAPAS DE TEKA BRAGA CÔRTES NO GUIDO VIARO
Hoje por essa hora está sendo inaugurada a exposição individual da artista Teka Braga Côrtes no Museu Guido Viaro na região central de Curitiba.
A exposição que tem o nome de Memória das Chapas, ficará aberta ao público de 5 de Agosto a 4 de Setembro deste ano, no endereço da Rua XV de Novembro, esquina com a Rua General Carneiro.
Replico aqui o texto do curador Carlos Henrique Tullio
Memória
das Chapas
Isto não é uma pistola. Parafraseando
René Magritte em sua obra “A traição das imagens “ de 1929, onde está escrito “
isto não é um cachimbo” refiro-me a obra Pistola de 2020, de Teka Braga Côrtes.
Estamos então em frente de uma gravura em metal que representa uma arma.
Curiosamente a origem do processo de gravação utilizado pela artista vem da
ornamentação de armas e joias durante a idade média no ocidente.
A gravação com buril, instrumento vital
nas mãos dos ourives medievais, que entre armas, joias e principalmente os
niellos[1]
vão dar a partida, através da obra gráfica de Martin Schöngauer (1430-1491) ao
que chamamos hoje de Calcografia onde uma das técnicas é a Incisão Direta onde
as linhas, sulcos, são abertos sobre o cobre com o buril e posteriormente
entintados e impressos sobre papel.
Com a mesma maestria destes artistas,
Teka nos apresenta um recorte recente de sua vasta produção com a gravura em
metal, mais particularmente o buril e a maneira negra, onde utiliza-se de um
instrumento chamado bercau, ou
granidor o que me parece ser seu caminho predileto. Esta linguagem de difícil domínio técnico
pela força e precisão utilizadas em sua confecção, produz uma resposta direta e
ruidosa.
Práxis essencial, a tessitura[2]
na construção do texto visual da artista, tem um paralelo com o uso das agulhas
na composição de um bordado e podemos ver esta propriedade na obra exposta onde
a tarlatana ou entretela, material utilizado na impressão de gravuras em metal,
é atravessada por um fio preto. Quanto aos significados a obra fica aberta à
nossa interpretação mas já posso adiantar que o aveludado, presente nas obras
de ação direta das mãos da artista, tem uma forte ligação com a maciez dos fios
de lã.
Poderemos também notar, nesta exposição
séries com dominantes horizontais onde a presença da paisagem é sugerida. Nestas
obras percebo uma aproximação das tempestades também gravadas por Lívio Abramo
(1903 – 1993), só que na técnica da xilogravura[3]
mas com grande proximidade na execução das imagens que em ambos os casos é
utilizado o buril. Nesta gravuras o entalhe preciso da ferramenta, corta a
superfície do metal expondo sutilezas que parecem não casar com a realidade de
sua origem. Explico melhor, a luta entre instrumentos de aço com o cobre são
responsáveis pelas imagens desta mostra. Posteriormente entintados os sulcos
teremos a obra com as cores desejadas pela gravadora. Sim sua paleta gráfica
possui intensidades bastante variadas assim como suas temáticas. Poderemos
perceber alianças com a paisagem, o retrato, a organicidade, o celeste, o
bélico e até mesmo o micro cosmos como na obra de atual temática: O Corona
Vírus. Nesta gravura, realizada na técnica de incisão indireta chamada de
água-forte, ela utiliza-se de vernizes e ácidos aproximando-se também da
pintura. O corpo feminino aparece tanto
nas linhas como nas cores de determinadas gravuras onde a sensualidade das formas excitam nosso olhar para estas
matizes.
Esta mostra dentro deste
importantíssimo espaço, onde as origens da gravura paranaense, presentes na
obra gráfica de Guido Viaro (1897 - 1971) majestade expressiva do nosso
modernismo e de nossa modernidade, é o lugar certo para abrigar o conjunto de
trabalhos realizados atualmente pela visceral e contemporânea artista Teka
Braga Côrtes.
A cidade ganha uma grande mostra cheia
de alerta e esperança neste momento tão difícil para todos nós.
Serviço: Exposição Memória das Chapas de Teka Braga Côrtes
Exposição de 5 de Agosto a 4 de Setembro de 2021
Museu Guido Viaro
Endereço: Rua XV de Novembro, 1348 Curitiba
Telefone: (41) 3018-6194.
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