OS SIGNIFICADORES DO INSIGNIFICANTE EXPOSIÇÃO CELEBRA A VIDA E OBRA DE EFIGÊNIA ROLIM E HÉLIO LEITES
Exposição inédita celebra vida e obra de Efigênia Rolim e Hélio Leites no MAC-PR
OS SIGNIFICADORES DO INSIGNIFICANTE reúne coleções de obras dos artistas que são referência nas artes visuais no Paraná e no Brasil
A partir do próximo sábado, 10 de Dezembro, às 11 horas, o Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC-PR) recebe exposição inédita de Efigênia Rolim e Hélio Leites, intitulada OS SIGNIFICADORES DO INSIGNIFICANTE.
O
projeto tem autoria de Estela Sandrini, com curadoria de Dinah Ribas e Maria
José Justino, em que serão apresentadas cerca de 260 obras, muitas inéditas, advindas
de acervos institucionais e particulares.
A exposição celebra vida e obra de Efigênia Rolim e Hélio Leites - artistas de importância fundamental nas artes visuais, tanto no Paraná como no Brasil - conhecidos pela originalidade de suas criações. Utilizam uma matéria-prima em comum: o resíduo e a sucata, transformados em arte, poesia, alegria e histórias, seja por meio de um papel de bala ou de uma lata de atum.
Ambos estarão presentes no dia da abertura da mostra, que contará também com a presença do contador de histórias Carlos Daitschman, vestido com roupas produzidas por Efigênia Rolim. Será necessária a utilização de máscara por todas as pessoas que estiverem na abertura, por conta da COVID-19.
Efigênia Rolim nasceu em 1931, no município de Abre Campo (MG), e chegou a Curitiba em 1971. Autodidata, se tornou artista aos 60 anos de idade e em 2022 completa 91 anos. Dinah Ribas, uma das curadoras da mostra e autora do livro sobre a artista “A Viagem de Efigênia Rolim nas asas do peixe voador” (2012), relata: “Efigênia não tem preguiça de transformar qualquer objeto descartado em obra de arte. Quando chega às suas mãos um novo artefato, ela silencia, deixa a mente trabalhar por ela, e heureka! Surge uma nova criação.”, ressalta.
Hélio Leites desenvolve desde a década de 1970 o trabalho de performer e artista visual, tendo desde então recebido diversos prêmios em salões e festivais pelo Brasil. Em 1986 começa a expor e vender suas obras na Feira do Largo da Ordem, no centro de Curitiba, movimentado ponto de encontro de pessoas interessadas nas suas histórias e obras, sempre relacionadas com a estética do mínimo, como ele mesmo diz: “Por um mundo menor”, traduzido pelas suas peças em miniatura, mas que concentram muitos mundos e leituras.
A crítica de arte e curadora Maria José Justino pontua: “Ouvir as narrativas do Hélio é uma regalia para poucos. Você se realiza como um simples ouvinte. Flutua um tempo em estado de graça como um andarilho planando na imaginação. Imerge num borbulhar de ideias, palavras e formas instigantes. Hélio nos proporciona o prazer da prosa inteligente. Ao se apropriar de Jair Fantino – “Eu não penso, imagino e faço” –, dispara Hélio: “Eu não penso, não imagino, mas faço”. Humor na negação. Pensa, imagina, desconstrói e faz. Com muita graça.”, pontua.
Artistas
visionários
A
exposição apresenta a importância artística e a trajetória de Efigênia Rolim e
Hélio Leites, porém que extrapolam as artes visuais. Ambos são objeto de teses
acadêmicas também nas áreas de filosofia e sociologia. O escritor e poeta Paulo
Leminski (1944-1989), que inspirou o título deste projeto, ressaltou: "Na
área do artesanato que não desaparece diante da indústria, o que temos é o
aproveitamento de materiais não nobres, ‘esculturas’ feitas em cordas, papel
jornal, raízes de árvore, lixo e o diabo. Hoje admite-se que qualquer material
pode servir de suporte para a experiência artística ou de veículo de
expressão", disse o poeta.
Dinah Ribas discorre sobre os artistas: “Os dois brotaram no Planeta Terra para encantar os seres humanos com seu ineditismo na arte, tanto na confecção de suas esculturas, como nas ideias geniais que se transformam em histórias cheias de humor e graça. Com vestimentas descoladas, frases inteligentes, poesias e contações de histórias, baseadas em fatos reais, a dupla faz a diferença em qualquer ambiente.”, relata.
Sobre
Efigênia, Maria José Justino comenta: “Do desterro, nômada, exilada da sua
cidade natal, migrante em seu próprio país, sete filhos, marginalizada, sem
escolaridade, idosa e extremamente pobre, Efigênia Rolim extrai desses não
lugares uma força criativa surpreendente. Equilibrando-se na corda bamba,
transforma os infortúnios em uma poética original, erigida do efêmero, do
descartável e do reciclável.”
E completa sobre Hélio Leites: “Equilibrista na fala e no fazer, Hélio é um criador de mundos abrigados em caixinhas de surpresas. São miniaturas de esculturas em madeira, sucatas, botões, palitos de sorvete, caixas de fósforo, os miúdos que encontra pela frente – o lixo da humanidade como costuma dizer –, que reaproveita com muita sensibilidade.”, ressalta.
Mísero caído e overdose de trangressões
Efigênia
lembra do marco que provocou uma revolução em sua vida: estava catando resíduo
nas ruas da capital paranaense e um objeto brilhante chamou a sua atenção, ela
pensou que fosse uma joia e quando viu que era um papel de bala, ficou triste e
decepcionada. Em seguida refletiu e percebeu que se tratava de algo melhor que
uma joia: “um mísero caído”.
A artista traça um paralelo entre um caramelo e a vida humana, comenta que o caramelo tem muito valor quando está embalado e, após ser saboreado, o papel é descartado sem nenhuma atenção.
Hélio Leites ficou conhecido pela criação do seu Museu Casa do Botão, museu ambulante que tem o próprio corpo do artista e suas vestes como suportes. Fácil de transportar, fácil ao acesso do público, basta um encontro com o artista. Um museu que pode se apresentar no mundo inteiro, apenas passagem e estadia para o artista. Ele é o próprio curador. Já se apresentou em Portugal, na Alemanha, no México, no Paraguai, além de inúmeras apresentações em Curitiba e em outras paragens do Brasil.
De acordo
com Maria José, o artista possui uma arte assentada na comunicação. “Não
poderia ser diferente: Hélio investe na pesquisa da arte contemporânea. Foi um
dos primeiros a se aventurar na mail art, “arte postal é a internet por
carta”, diz o artista.
Sua obra é o inverso da Minimal Art, do princípio da economia, da elegância. Ao contrário, seu universo é cheio, falante, uma overdose de transgressões”, completa a curadora. “Eu sonho com o momento que ainda não vivi. Um momento vazio ainda”, reflete Leites.
Estela (Teca) Sandrini, artista e proponente do projeto, ressalta o fazer poético – algo que considera essencial na biografia dos artistas. “A poesia está presente em Efigênia e Hélio, algo que os aproxima e que, igualmente, nos aproxima do trabalho deles. Todo o percurso artístico dos dois está permeado da poética da palavra, da arte e da maneira de perceber o mundo.”, explica Teca.
Sobre
os artistas:
Efigênia Rolim é artesã, contadora de histórias, poeta, assobiadora, performer e estilista. Nasceu em 1931, em Vila Granada, Santo Antônio de Matipó, município de Abre Campo (MG). Em 1965, mora com a família ao norte do Paraná, e em 1971 chega a Curitiba. Participou de inúmeras exposições coletivas e individuais, desde o ano de 1991 até hoje, além de ter lançado livros, participado de performances, desfiles de moda, filmes, congressos, e concedido entrevistas a nomes como Jô Soares e Caco Barcellos. O documentário “O filme da Rainha”, com direção do argentino Sergio Mercurio, foi premiado no Festival de Cinema do México; Recebeu do Ministério da Cultura em 2007 e 2008, respectivamente, as premiações “Culturas Populares Mestre Duda” e “Medalha da Ordem do Mérito Cultural”. Obteve várias outras menções honrosas, teses acadêmicas, entre outras realizações.
Hélio Leites nasceu em 21 de janeiro de 1951 na cidade da Lapa, Paraná. Formado em Economia, trabalhou 25 anos como bancário até a década de 1980. Porém, desde os anos de 1970 desenvolve o trabalho de performer e artista plástico, tendo desde então recebido diversos prêmios em salões e festivais pelo Brasil. Em 1986 começa a expor, interagir com o público e vender suas obras na Feira do Largo da Ordem, no centro de Curitiba. Sua barraca é um movimentado ponto de encontro de pessoas interessadas nas suas histórias e obras, sempre relacionadas com a estética do mínimo. Em 2010 formou-se na Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Criador da Associação Nacional de Colecionadores de Botão, Secretário Geral do Fiu-Fiuuu Sport Club – Clube de Assobiadores, Diretor de Harmonia da Ex-Cola de Samba Unidos do Botão, Coordenador da Campanha Mundial de Anti-taxidermismo, Secretário da Associação Internacional de Kinderovistas, Curador dos museus do Óculos, da Caixa de Fósforos, do Lápis e do Minipresépio.
Democratização
de acesso
OS
SIGNIFICADORES DO INSIGNIFICANTE mostrará ao público o trabalho de dois
artistas que construíram suas trajetórias no Paraná, e que trazem por meio de
miniaturas e do resíduo encontrado na rua, arte, poesia, alegria e histórias.
A mostra foi pensada para aproximar o público do trabalho de grandes artistas contemporâneos, com visitas guiadas com mediadores, contação de história com um dos artistas, acompanhados por intérprete de libras, oficina educativa, mediação para professores da rede municipal, estadual e particular, com material para estudo e conteúdos lúdicos e educativos.
Além disso, algumas obras terão audiodescrição para pessoas surdas e com baixa visão, além de atividades programas e coordenadas pela Ação Educativa da equipe da mostra e pelo MAC.
Haverá também um tour virtual 360º disponível online e distribuição gratuita de catálogos, com imagens e textos críticos, em papel reciclado, seguindo a ideia do reaproveitamento de material.
A mostra traz ainda a reflexão sobre a produção excessiva de resíduos, considerada uma das maiores preocupações mundiais, sendo que a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou entre seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS-ONU) a redução e o incentivo do consumo e da produção responsáveis. Dessa maneira, a exposição mostra como os artistas transformam o resíduo achado na rua em arte e história ampliando o debate e a conscientização sobre essa questão mundial.
O período expositivo será de 10 de Dezembro de 2022 até 26 de Março de 2023, no MAC-PR, que está funcionando temporariamente no Museu Oscar Niemeyer (MON). Haverá uma programação extensa para o público poder conhecer, interagir e mergulhar no universo fabuloso de Efigênia Rolim e Hélio Leites.
Serviço: OS SIGNIFICADORES DO INSIGNIFICANTE, de Efigênia Rolim e Hélio Leites
Abertura
da exposição
Data:
10 de Dezembro de 2022, sábado,
Local: Museu
de Arte Contemporânea do Paraná (MAC-PR) - que está funcionando
temporariamente no Museu Oscar Niemeyer (MON), nas salas 8 e 9.
Horário
da abertura: 11h às 12h30 (neste período entrada gratuita)
Sala 8
*Será
necessária a utilização de máscara por todas as pessoas presentes, por conta da
COVID-19.
Endereço: Rua
Marechal Hermes 999
Centro
Cívico - Curitiba
| PR
55 41
3350.4400
Período
expositivo: 10 de Dezembro de 2022 a 26 de Março de 2023.
Visitação:
Terça a
domingo
10h às
17h30 (permanência até 18h)
R$ 30,00 e R$ 15,00
(meia-entrada)
Venda de
ingressos até 17h30
Ingressos
e horários especiais:
https://www.museuoscarniemeyer.org.br/visite/ingressos-horarios
Gratuito
para menores de 12 anos e maiores de 60 anos
Entrada
franca todas as quartas-feiras.
Ficha
Técnica:
Proponente e Coordenação
Técnica
Estela
Sandrini
Curadoria
Dinah
Ribas Pinheiro
Maria
José Justino
Produção
Giovanna
Sandrini Berberi
Rebeca
Gavião Pinheiro
Assistente
de Produção
Gabriela Koentopp
Pesquisa e
Conservação de Acervo
Ana
Caniatti
Lisa
Storti
Ação
Educativa
Patrícia
Bertin
Projeto Expográfico
Juliano
Sandrini
Projeto
gráfico/Design
Silvio
Silva
Fotografias e
Vídeos
Lisa
Storti
Wagner
Roger
Revisão
Altair
Pivovar
Tradução
Thais
Schafemberg
Assessoria de
Imprensa
Marianna
Camargo/Palavra – Assessoria de Comunicação.
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