CIA. DO ABRAÇÃO APRESENTA O OLHAR DE NEUZA
OLHAR DE NEUZA” encenado na Cia . do Abração
A
peça “O Olhar de Neuza”, volta a ser apresentada na sede
da Cia. do Abração,
sala Raul Cruz, na Rua Paulo Ildefonso Assumpção, 725. Bacacheri, de quarta a
domingo, a partir das 20 horas. A peça aborda os conflitos da mulher madura, que
atravessa a fase da menopausa. O espetáculo inspirado na obra “A Mulher que
Cai”, do escritor curitibano Guido Viaro, narra a história de uma mulher de
meia-idade, na tentativa de escapar de seu cotidiano e rever sua vida. Guido
Viaro comenta que quis abordar a vida das mulheres que não estão num período
valorizado pela sociedade. “A juventude é a moeda de troca da mulher. Na
menopausa, a mulher perdeu o valor social e o valor humano. É o momento em que
precisa vestir a fantasia de “titia” ou “vovó”, um papel dessexualizado e se
contentar com as sobras sociais”. A diretora da peça Letícia Guimarães comenta
que socialmente o tema da menopausa não é abordado. “As pessoas não querem falar
e ninguém quer ouvir. Nas mulheres, envelhecer não é um mérito. A sociedade não
reconhece que a velhice contribui para a sociedade”, diz Letícia. Neuza, a
personagem central da peça, questiona a própria vida e os possíveis caminhos a
seguir, sua relação com o marido, os filhos e sua posição na sociedade. O plano
de Neuza poderia ser fugir, rompendo definitivamente com sua realidade, porém os
planos ficam apenas em suas reflexões. A personagem parece ter seus movimentos
limitados, vivendo atrás de uma janela, olhando pelos vidros a estação das
chuvas. Os seus desejos se diluem mal se acende a lâmpada do bom senso, o que
acaba acarretando a perda da oportunidade de mudança. O espetáculo, interpretado
pela atriz Fabiana Ferreira, marca a comemoração de seus 20 anos de carreira e
conta, também, com a participação da cantora Karla Izidro, que assina
composições e arranjos das músicas de O Olhar de Neuza. A atriz Fabiana Ferreira
acrescenta que com o processo criativo da peça “O Olhar de Neuza” pode rever sua
própria vida. “É natural chegar aos 50, mas com o processo aprofundei a
personagem a partir de mim mesma. Me deparei com muita coisa que não queria
olhar mas o processo não deixou que a situação permanecesse a mesma. É um
personagem fictício mas tem muito de mim, da Letícia, de observar tudo”, comenta
a atriz. A encenação foi desenvolvida em conjunto com o diretor e coreógrafo
Paraguaio Wal Mayans, que compartilha com o grupo do Abração a pesquisa de
Primigenia teatral desde 2008. Wal Mayans é oriundo da primeira turma de
artistas da Antropologia Teatral de Eugenio Barba e há mais de 30 anos segue sua
investigação em teatro e dança, por diversos países.
Fotografia de: Isabelle Neri.
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