"DELÍRIO" DE EDSON BUENO É CELEBRADO EM LIVRO
O
livro é um mergulho de 364 páginas no mundo criativo de Bueno, que está
completando 37 anos de carreira, e foi concebido por Bueno e o produtor
e jornalista Alvaro Collaço, que fez sua edição. “O Meu Delírio –
Textos e Memórias de Encenação” tornou-se realidade graças a Lei
Municipal de Incentivo à Cultura da Fundação Cultural de Curitiba e
apoio do EBANX. O título sintetiza à perfeição a trajetória de Edson
Bueno, criador do Grupo Delírio, que nestas quase quatro décadas jamais se afastou do fazer teatral. Uma delirante entrega à profissão.
Áldice Lopes e Silvia Monteiro, Um Rato em Família. Foto: Chico Nogueira. |
As quatro peças escolhidas entre as tantas do dramaturgo são: “Um Rato
em Família”, “New York por Will Eisner”, “Vermelho Sangue Amarelo Surdo”
e “Metamorphosis”. Ao todo, essas produções conquistaram 20 troféus
Gralha Azul. No livro, cada peça é apresentada pelos atores que
trabalharam nelas, seguindo um texto de Bueno sobre o processo de
criação, as imagens dos cartazes, matérias de jornais e fotografias e,
essencial, o texto integral de cada uma.
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O Edifício e seus personagens. Foto Ennio Vianna. |
No caso de “New York por Will
Eisner”, peça fundamental na carreira de Edson Bueno há imagens de
figurinos e cenários de Rosa Magalhães e da correspondência que Edson
teve com o próprio Will Eisner.
O livro traz na capa uma belíssima foto em preto e branco de Ennio
Vianna, tendo a figura de “The Spirit”, personagem de Rafael Camargo, em
“New York”, levemente delineado sob um foco de luz. No interior, há
fotografias de Chico Nogueira, Elenize Dezgeninski, Gustavo Härtel e
Neni Glock. Produzido por Alvaro Collaço Produções em parceria com o
Grupo Delírio, o livro teve direção de arte de Adalberto Camargo,
revisão de Eloise Grein e Melina Arins e foi impresso na Gráfica
Vitória.
“Não olho para trás”
Anos atrás Edson Bueno propôs-se a escrever um livro, bem antes do
encontro com Alvaro Collaço. Convicto de que “ninguém lê nada” o diretor
e autor planejava um trabalho que fosse ao encontro dos artistas,
“tivesse utilidade prática”, segundo ele, mostrando o processo de uma
peça, a relação do diretor com os atores, o caminho para criar um texto.
Teria
até mesmo um tom didático, mas passaria ao largo de um trabalho
memorialístico, melancólico. Definitivamente, Edson não é de olhar para
trás e suspirar pelo tempo que passou. “Olho sempre para a frente”,
afirma. Devido a falta de tempo abandonou o projeto.
Quando “O Meu Delírio – Textos e Memórias de Encenação” chegou-lhe às
mãos, idealizado por Collaço, Edson Bueno emocionou-se. “Ele ficou muito
bonito, muito bem editado. É um produto cultural moderno, interessante,
criativo em todos os sentidos: na questão gráfica, na forma como as
coisas foram construídas, a maneira como as fotos estão ali. Para mim
foi muito emocionante.”
Folheando suas páginas e se deparando com as imagens dos espetáculos,
os textos das peças, naturalmente lembranças que estavam adormecidas
foram despertadas. A memória é ativada, porém dentro de parâmetros até
mesmo críticos, o que leva o autor a assustar-se: “Não parece que se
passaram 37 anos”.
Homem de teatro
Edson Bueno e Alvaro Collaço. Foto Chico Nogueira. |
O produtor Collaço enfatiza a paixão de Bueno ao citar a definição
contida na peça “Liberdade, Liberdade”, de Flávio Rangel e Millôr
Fernandes, sobre o que seria um homem de teatro: “Quem é capaz de
dedicar toda a vida à humanidade e à paixão existentes nestes metros de
tablado, esse é um homem de teatro”. A explicação cai como uma luva
sobre a figura do artista curitibano, dono de uma jovialidade marcante.
Indagado se teatro rejuvenesce responde: “acho que ele não envelhece”.
Permanentemente envolvido com vários projetos ao mesmo tempo, garante
que “dentro de mim me sinto com 20 anos, apesar de estar indo para os
64!”
“Quando escolhi fazer teatro em 1982, levei a decisão muito a sério,
fui de cabeça e não abandonei nunca. Até hoje, dedico-me o tempo todo e
com intensidade. Faço teatro 24 horas por dia, todos os dias. Ainda. Não
sei até quando vou aguentar, ou até quando o povo vai me aguentar, mas
eu continuo diariamente fazendo teatro”, celebra.
Serviço: O
lançamento de “O Meu Delírio – Textos e Memórias de Encenação” ocorre quarta-feira, dia 26, às 19h30, no EBANX, no Piso San Marco
do Shopping Itália. A entrada é franca.
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