DESVAZIO: INTERFERÊNCIAS EM COBOGÓS MISTURA ELEMENTOS DA ARQUITETURA MODERNISTA EM VIDRO
Desvazio:
Interferências em Cobogós mistura elementos da arquitetura modernista
brasileira com arte em vidro.
Visitante poderá interagir com
o projeto criativo, assim como visualizar o espaço com possibilidades técnicas
de utilização em arquitetura, além de explorar a performance criativa e social
existente no contexto expositivo das obras.
O Espaço Cultural BRDE recebe, de 6 a 30 de Julho, a exposição Desvazio:
Interferências em Cobogós, da designer e artista visual Désirée
Sessegolo. A exposição, que traz 10 obras e duas instalações, propõe uma nova
linguagem em vitral, dotada de brasilidade pela utilização de cobogós como
estrutura. Désirée explora em seus objetos os efeitos da luz através dos vidros
repletos de texturas vazadas projetando cores e texturas para criar uma obra de
beleza insólita. Com os efeitos desses jogos de luzes a artista agrega arte à
arquitetura.
Trabalhando com vidro fusão,
técnica desenvolvida pela própria artista, suas obras criam texturas únicas no
vidro que remetem a estruturas celulares surgindo então a denominação vidro
celular. Com esta técnica Désirée recebeu algumas premiações e participou de
salões conquistando prêmios no Brasil e exterior. Em setembro, parte da
exposição Desvazio segue para Veneza, na Itália. A instalação Amazzonia foi
selecionada para participar da The Venice Glass Week.
Desvazio: Interferências
em Cobogós percorre um caminho obedecendo a uma lógica determinada pela
artista em uma busca sensorial. Representações bidimensionais em composição de
painéis, em diferentes formatos e escalas, dão ênfase aos aspectos ornamentais
e esculturais deste marco da arquitetura modernista. A poética da obra de
Désirée está em emprestar dos cobogós a estrutura para fazer a intervenção dos
vidros coloridos, translúcidos e opacos, criando movimento, ritmo e
sobreposições de transparências, atraindo o observador às mensagens que a obra
sugere.
Com curadoria da produtora de
eventos corporativos, sociais e culturais, Edilene Guzzoni, elaborar esta
exposição foi um processo de organização e cuidado, além da preocupação do
compromisso educacional na sociedade. “Hoje o curador tem que agir como um mediador
cultural entre a arte e a população que visita às exposições”, revela Edilene
que estruturou esta composição estudando a história dos cobogós e seu conceito
inicial. Para essa mostra os cobogós são inseridos como releitura artística e o
retorno do seu uso na arquitetura contemporânea. Para destacar as obras,
Edilene inseriu cada peça de forma harmoniosa com os efeitos de luz e sombra
que ressurgem da sensibilidade e delicadeza nos trabalhos de Désirée.
De acordo com Edilene, quando
visualizamos as obras de Désirée com intervenções em cobogós, falamos dos
experimentos dos efeitos da luz através do vidro celular que foram realizados
em painéis entre vidros, inaugurando uma nova fase na sua obra. “Com a luz do
sol incidindo sobre os elementos vazados desenhando as sombras nos pisos e
paredes cria-se um efeito que transforma todo o ambiente. Durante as estações e
ao longo dos dias essa luz natural surge de diferentes formas como um
componente que sobrevém na arquitetura. No decorrer da noite, a luz artificial
atravessa os pequenos vãos do interior para o exterior, tornando a arquitetura
uma espécie de luminária urbana”.
Com o vidro Désirée aprendeu as
técnicas tradicionais, porém, não satisfeita com os resultados, passou a
realizar uma pesquisa em torno de novos materiais. Ao testar diferentes
processos de fusão modelando cerâmicas em formatos diferenciados, a artista
estabeleceu características e linguagens próprias para suas obras.
O tema Desvazio:
Interferências em Cobogós surgiu após anos de pesquisa em torno da arte
do vidro e constante busca pela inovação. Com a técnica que desenvolveu Désirée
mudou os paradigmas em torno do material, conferindo ao vidro, uma superfície
impregnada de texturas vazadas. “O diferencial da minha obra está justamente
nos vazios abertos na superfície do material. Daí a poética da obra que procura
instigar o observador sobre o vazio. Torna-se um processo de reflexão!”, diz
Désirée.
Sobre a artista
Desirée Sessegolo, artista
multidisciplinar e designer gráfico nascida em Curitiba - Brasil. Seu trabalho
abraça múltiplas formas artísticas: design gráfico, esculturas em vidro e
cerâmica, instalações e murais. Seu trabalho é reconhecido pelo Museu Alfredo
Andersen, Casa João Turin e Museo del Vidrio de Bogotá, tendo participado de
diversos salões de design e arte contemporânea.
Sobre o Espaço Cultural BRDE – Palacete dos
Leões
Inaugurado em 2005, o Espaço
Cultural do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul busca aliar a
força empreendedora de uma instituição financeira pública com a promoção de
arte e cultura do Paraná. Sua sede, o Palacete dos Leões, uma edificação histórica
do início do século XX, oferece uma programação artística gratuita e
diversificada, voltada às artes visuais, música, literatura, artes cênicas e
audiovisual.
Serviço: Exposição Desvazio: Interferências em Cobogós
Data: de 6 a 30 de Julho de
2018.
Local: Espaço Cultural BRDE –
Palacete dos Leões
Endereço: Avenida João Gualberto,
570 – Alto da Glória, Curitiba – PR
Entrada: Franca
Dias e horário: de
segunda a sexta-feira das 12h30 às 18h30.
Vernissage: quinta-feira
dia 5 às 19horas
Sobre
os Cobogós:
Nos trópicos a luz do sol
incide de forma generosa. Os elementos vazados desenham a sombra nos pisos e
paredes, um efeito que transforma todo o ambiente para quem o vê desde o
exterior e interior. Durante as estações e ao longo dos dias essa luz natural surge
de diferentes formas como um componente que sobrevém na Arquitetura. No
decorrer da noite, a luz artificial atravessa os pequenos vãos do interior para
o exterior, tornando a arquitetura uma espécie de luminária urbana que interage
com as sombras de seus usuários e mobiliário.
Além de sua função, o cobogó
traz consigo certa poética ao projeto de arquitetura. Decidimos destacar esta
criação brasileira, escrever brevemente sobre sua história e apresentar uma
seleção de projetos que adotam este elemento.
Um grupo de engenheiros - o
português Amadeu Oliveira Coimbra, o alemão Ernesto August Boeckmann e o
brasileiro Antônio de Góis - foram os criadores do “cobogó”, elemento que
permite a entrada de luz solar e ventilação natural utilizado nas aberturas de
construções.
O cobogó surgiu na década de
1920, em Recife, e teve seu nome oriundo da junção da primeira sílaba dos
sobrenomes de seus criadores. São uma herança da cultura árabe, baseado nos
muxarabis – construídos em madeira, eram utilizados para fechar parcialmente os
ambientes internos.
Apesar de ser criado em Recife,
o cobogó foi difundido por Lúcio Costa em referências sutis à arquitetura
colonial, tornando-se um elemento compositivo presente na estética da
arquitetura moderna brasileira. Apesar da permeabilidade visual, os cobogós, de
certa forma, trazem privacidade ao usuário. Feitos de cimento e tijolo no
início, passaram a ser produzidos também em cerâmica e outros distintos
materiais.
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