MOMENTO SAÚDE E BEM-ESTAR:DIA MUNDIAL SEM TABACO
MOMENTO SAÚDE E BEM-ESTAR
Dia Mundial sem Tabaco: Tabagismo diminui, mas crescimento de vaping preocupa especialistas
Dia Mundial sem Tabaco: Tabagismo diminui, mas crescimento de vaping preocupa especialistas
Brasil e Estados
Unidos reduzem consumo de cigarros; contudo e-cigarettes e vaping utilizados
pelos jovens para fumar maconha ganham espaço e podem levar a morte
No próximo domingo, dia 31 de Maio, celebramos o Dia Mundial Sem Tabaco. A
data foi criada em 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
para alertar sobre as doenças e mortes relacionadas ao tabagismo. Segundo o
Instituto Nacional do Câncer (INCA), o cigarro é considerado a maior causa
evitável isolada de adoecimento e mortes precoces em todo o mundo e provoca
mais de 50 doenças, atingindo
os aparelhos respiratório, cardiovascular, digestivo, gênito-urinário,
neoplasias malignas, riscos na gravidez e para o feto e queda de defesas
imunitárias. A OMS aponta ainda que o tabaco mata mais de 8 milhões de
pessoas por ano. Mais de 7 milhões dessas mortes resultam do uso direto desse
produto, enquanto cerca de 1,2 milhão é o resultado de não-fumantes expostos ao
fumo passivo.
A boa notícia é que assistimos um
avanço na conscientização da população, que está abandonando o cigarro. Nos últimos 12 anos a pesquisa realizada pelo Sistema de Vigilância de
Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico
(Vigitel) demonstrou que, no Brasil, houve uma redução em 40% no consumo do
tabaco. Dados inéditos revelam que, em 2018, 9,3% dos brasileiros afirmaram ter
o hábito de fumar. Em 2006, ano da primeira edição da pesquisa, esse índice era
de 15,6%.
Essa é uma tendência em todo o mundo, de acordo com
a psiquiatra Alessandra Diehl, que é vice-presidente da Associação Brasileira
de Estudos Sobre o Álcool e Outras Drogas (ABEAD). “A edição do estudo “Monitoring
the future”, de 2019, mostrou que o consumo de tabaco reduziu em 54,28%
entre estudantes da 12ª série dos Estados Unidos nos últimos 4 anos, de 2016 a
2019. Esse estudo americano é longitudinal e acontece desde 1975, com
estudantes na faixa etária do que seria o equivalente ao ensino médio no
Brasil. Os americanos creditam os resultados positivos às campanhas realizadas
contra o tabagismo. No entanto, o que preocupa agora as autoridades naquele
País é o vaping”, conta a especialista.
O “Monitoring the future” apontou que os
cigarros eletrônicos contendo nicotina foram consumidos por 25,5% dos
estudantes da 12ª série dos Estados Unidos.
“Para se ter uma ideia do fenômeno do vaping entre os americanos, a
pesquisa informa que os estudantes da
12ª série usam diariamente mais vapings contendo tabaco (11,7%) do que cigarros
(2,4%). O vaping foi utilizado, pelo
menos uma vez na vida, por estudantes da 8ª e 12ª séries: 24,3% e 45,6%,
respectivamente”, diz Alessandra Diehl.
O “Monitoring the future” abordou o vaping de três substâncias específicas (nicotina,
maconha e apenas aromatizante) pela primeira vez em 2017. No ano seguinte, o
estudo mostrou aumento substancial no vaping de todas essas três estas
substâncias. A tendência se confirmou em 2019, quando houve aumentos altamente
significativos em cada um dos três graus na prevalência de nicotina vaping e de
vaping maconha. No intervalo de dois anos (de 2017 a 2019), prevalência de 30
dias de maconha vaping dobrou ou triplicou nas três séries: passou de 4,9% em
2017 para 14,0% em 2019.
Na
opinião de Alessandra Diehl esse não é um problema exclusivamente dos jovens
americanos. “O que preocupa as autoridades de saúde no mundo todo são as novas formas de fumar
maconha, por exemplo, por meio dos e-cigarettes. Aqui no Brasil não
temos legislação e sequer dados de evidência para avaliar esse fenômeno como
ocorre nos Estados Unidos. Assim como o narguilé é uma modinha entre os
adolescentes, o vaping também aparece nesse mesmo contexto em nosso país. Vale
salientar que o vaping traz prejuízos,
principalmente em relação a uma síndrome chamada Evali que leva ao óbito por causar uma lesão pulmonar
associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico ou vaping. Nos Estados
Unidos essa doença já acometeu mais de 1.000 pessoas em 49 estados americanos e
matou outras 26 em 21 estados”, alerta a psiquiatra.
Alessandra Diehl enfatiza ainda que os cigarros
eletrônicos e vaping não são aconselháveis para parar de
fumar. “O tabagismo é uma doença curável, com altos índices de sucesso. No
entanto, os fumantes devem procurar tratamentos
baseados em evidências com a ajuda especializada. Os cigarros eletrônicos e o
vaping representam um risco e não são uma boa estratégia para quem quer largar
o tabaco. Muitos usuários, sobretudo os jovens,
acreditam que os aparelhos para o vaping são seguros, achado que a fumaça
é apenas o vapor de água. No entanto, esse líquido contém substâncias como o
glicerol e propileno glicol que podem
originar substâncias cancerígenas depois de aquecidas. Além disso, a adição de
nicotina em muitos deles, não vai diminuir a dependência dessa substância ”,
observa.
No Brasil,
os DEFs (dispositivos eletrônicos para fumar), como são chamados os cigarros
eletrônicos, são proibidos pela Anvisa por meio da resolução RDC 46/2009
justamente pela falta de evidências de que o uso desses produtos é seguro.
Comentários