BENJAMIN NO TEATRO TEM PROPÓSITO SOCIAL: ADOTAR CÃES
Após três temporadas
de sucesso em São Paulo peça de teatro Benjamin de emigrante armênio, sobre
direitos dos animais que promove adoção de cachorro ao final de cada sessão se
apresentará no Festival de Curitiba
Peça de
teatro sobre direitos dos animais idealizada pelo artista e emigrante armênio
Arthur Haroyan arrecadou, nas primeiras três temporadas, mais de uma tonelada
de ração doadas para ONGs parceiras e viabilizou adoção de doze cachorros – o
rapper Projota foi responsável por uma delas.
A relação
do artista armênio Arthur Haroyan com seu cachorro, Raffí, morto em agosto de
2018, inspirou o espetáculo Benjamin, que realizou temporada em Fevereiro, no teatro Giostri Livraria
Teatro (SP). Alguns dos temas discutidos na peça são a falta de leis que defendam os
animais, precariedades dos abrigos e questões como eutanásia, sacrifício e
qualidade de vida. Ao final de cada sessão, um cachorro assistido por uma ONG
de proteção aos animais estará disponível para adoção, respeitando todas
práticas previstas neste tipo de processo.
A peça é
a terceira do Grupo ARCA, criado por Arthur, e conta a história
de Benjamin (Mário Goes), vira-lata que promove mudanças
profundas na vida de Berta (Júlia Marques), mulher que o adota após ser traída
pelo marido, Nöah (Lisandro Di Prospero), durante sua lua de mel em Istambul.
Com a
chegada de Benjamin, o público passa a assistir a visão que Berta projeta
sobre o animal. Nele, Berta vê um ser humano ideal, que é cuidadoso, otimista,
poético, respeitoso e companheiro, tornando-se assim uma metáfora que ilustra
sentimentos verdadeiros e o amor genuíno, muito presentes no comportamento dos
cachorros.
Quando
Nöah reaparece, Benjamin logo passa a ser assistido pelo público sob
a ótica do homem, tomando então uma forma não apenas animalizada, mas triste e
solitária, já que o cachorro é menosprezado por ele. “Berta enxergava
em Benjamin algo que devia existir nos seres humanos, mas normalmente
não existe. Já Nöah traz uma outra camada, e logo o assunto central da peça se
torna a confiança traída, o abandono e os maus tratos aos animais”, conta
Arthur, que também assina a direção da trama.
Benjamin,
que até então interagia, conversava e até dançava valsa com Berta, é deixado de
lado, perdendo sua voz e todas características que a relação com a mulher o
conferiam. “Benjamin sofre questões ligadas à indiferença do ser humano,
tornando-se assim um representante de vários outros animais que passam por
situações semelhantes”, completa o artista.
A
encenação da peça é realista, exceto pela própria composição do personagem
canino, que ganha um figurino futurístico alterado de acordo com a mudança de
olhares dos humanos sobre ele. Apesar de não haver nenhum indicativo exato
sobre o tempo em que a peça se passa, Benjamin tem ambientação
inspirada nos anos 40, com referência ao cinema mudo, à filmografia de Charlie
Chaplin e a estrutura do jogo de xadrez, com peças brancas e pretas que se
colidem e se misturam durante a partida.
“O
cenário é composto por muitos elementos geométricos e brancos, que vão tomando
outras cores após a entrada de Benjamin e mudam novamente depois do
retorno de Nöah”, conta Arthur. O dramaturgo e diretor explica que a chegada de
Nöah ‘suja’ o ambiente, como se ele trouxesse uma atmosfera venenosa e pesada a
um espaço que havia sido colorido por Benjamin.
Sinopse Curta
Durante um ataque terrorista em sua
lua de mel em Istambul, Berta foi traída pelo seu marido e está à beira do
suicídio. A chegada inesperada de Benjamin, um vira-lata, tira Berta do
fundo do poço. Mas esta ligação se rompe com a volta de Nöah, seu ex-marido.
Sobre o Grupo ARCA
Benjamin é o terceiro espetáculo do grupo ARCA, coletivo de pesquisas
artísticas criado em 2011 por Arthur Haroyan que tem como foco discussões e
criações artísticas sobre a República da Armênia. O nome do grupo é inspirado
na história bíblica da Arca de Noé, que de acordo com o livro de Gênesis,
repousou no monte Ararat após o dilúvio, região localizada na Armênia
Histórica.
O
primeiro espetáculo do grupo, 1915, foi baseado na história dos
bisavós de Arthur e se ambientava no período do genocídio armênio. O trabalho
circulou por diversas cidades, como Santos, Jundiaí e São Paulo, além de ter
integrado a programação oficial do centenário do genocídio armênio.
Fora Desse Mundo, segunda peça do grupo, foi escrita a partir de uma viagem de Arthur às
montanhas de Cáucaso, também na Armênia, onde o artista teve contato com
diversas comunidades isoladas do restante do mundo. De linguagem mais híbrida
entre a dança e o teatro, com fortes inspirações da Wuppertal Tanztheater,
companhia da coreógrafa alemã Pina Bausch, e na cia francesa Maguy Marin,
a peça
explora o olhar de uma comunidade para fora de si, onde o que é normal para
alguns deixa de ser normal para os outros.
Nas duas
primeiras peças do Grupo ARCA, Arthur assinou dramaturgia e também esteve em
cena. Já Benjamin marca sua estreia como diretor.
Sobre Arthur Haroyan
Nascido
na República da Armênia, Arthur Haroyan, fundador do grupo ARCA, é ator,
dramaturgo e professor formado em Artes Dramáticas pela escola Incenna
(São Paulo/SP) e bacharel em língua e literatura russa pela Universidade
Estadual de Pedagogia da República da Armênia.
Na
Armênia, trabalhou como jornalista, tendo cursado no IWPR (Institut for War
& Peace Reporting), na sede do Cáucaso, e no teatro Estadual de Drama
na República da Armênia. Em Porto Velho (RO), realizou a
exposição fotográfica Armênia - 3.000 anos de história e
participou do Seminário do Plano Nacional de Cultura. Haroyan teve poesias
publicadas na compilação lançada pela Universidade Federal da sua cidade.
É autor e
ator da peça 1915, dirigida por Rogério Rizzardi, que entrou em
cartaz no teatro Espaço Viga Cênico em 2013/2015, autor e ator da
tragicomédia Fora Desse Mundo, dirigida por Kléber Góes, que
estreou em 2017 na mostra Fringe, que integrou o Festival
Internacional de Teatro de Curitiba. Em São Paulo, a peça entrou em cartaz no
Espaço Parlapatões e em seguida no Teatro Municipal Arthur Azevedo.
Ficha Técnica
Dramaturgia,
direção e cenário: Arthur Haroyan. Elenco: Mário Goes, Júlia Marques e Lisandro
Di Prospero. Preparação Corporal: Sidnei Araújo. Figurinos e adereços:
Willian Gama e Grupo ARCA. Caracterização: Carol Rossi. Preparação Vocal e
Fonoaudióloga: Marília Marques Ramos. Criação de Luz: Georgia Ramos.
Composições e Interferências Sonoras: Arthur Haroyan. Hidden Track: Linda
Geyman (Rússia). Cenotécnicos: Alfredo Wagner Filho e Rodrigo Briones.
Fotografia: Leonardo Santos (Estúdio Meu Ensaio Fotográfico). Arte
Gráfica: Rodrigo Briones. Arte das Camisetas e Canecas: Vicente Pavone. Vídeo:
Rodrigo Briones, Wellington Oliveira (Videoimagem). 80
minutos. Classificação Indicativa: 12 anos.
Serviço: Benjamin
APRESENTAÇÕES:
25/03 (QUA) às 20:30
26/03 (QUI) às
11:30
27/03 (SEX) às 17:30
28/03 (SAB) às
14:30
Local: UNINTER – Polo Divina, Rua do Rosário, 147, São Francisco - Curitiba - PR
Ingressos*: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia)
Vendas: https://festivaldecuritiba.com.br/atracao/benjamin/
Capacidade: 170 lugares.
*Quem
doar 1 Kg de ração, tem direito a pagar meia-entrada.
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