PROTAGONISTA DE "Azira'i" É A PRIMEIRA ATRIZ INDÍGENA A VENCER O PRÊMIO SHELL
A montagem também levou o troféu de Melhor Iluminação; outras duas peças que estão na programação do Festival foram premiadas
Indicado em quatro categorias, o espetáculo “Azira’i”
conquistou na noite de ontem (terça, 12) dois troféus do Prêmio Shell, a principal distinção do teatro brasileiro: Melhor Atriz, com Zahy Tentehar, e Melhor Iluminação, com Ana Luzia Molinari. O solo autobiográfico, que está na programação da Mostra Lucia Camargo, concorreu pelo Júri do Rio de Janeiro e trata da relação, por vezes tensa, de Zahy com a mãe Azira’i, a primeira mulher pajé da reserva indígena de Cana Brava, no Maranhão. No Festival, as sessões acontecem nos dias 6 e 7 de Abril, respectivamente às 20h30 e às 19h, no Teatro da Reitoria.
Os ingressos estão disponíveis por meio do site www.festivaldecuritiba.com.br, ou na bilheteria física oficial localizada no ParkShoppingBarigüi (piso térreo).
No rastro do pioneirismo da mãe, a atriz Zahy Tentehar foi a primeira mulher indígena não apenas a vencer, mas também a ser indicada na categoria de melhor intérprete do Prêmio Shell. “Sei que não é muito comum ver gente como eu por aqui. Mas agora começa uma nova história”, discursou. Na manhã de hoje (13), Zahy conversou com o Festival de Curitiba.
“Estou muito mexida, nem sei explicar muito bem o que estou sentindo”, disse. “Eu chorei muito. Na hora, demorei pra chegar até o palco, porque quis tirar a sandália, o salto. Eu precisava pisar no chão, me sentir firme no chão.”
“Quando fui indicada, eu não fazia ideia do significado do Prêmio Shell. Hoje, eu entendo a dimensão”, conta. “Agora, espero que as portas se abram e os caminhos se alarguem pra outros indígenas.”
Embora não deixe de retratar a relação de mãe e filha em momentos mais ásperos – como quando a família precisou migrar da aldeia, o que motivou conflitos entre a matriarca, tradicional, e a filha, mais aberta à urbanidade –, “Azira’i” é uma montagem com muitos momentos singelos e bem-humorados.
“É um espetáculo que tem dor, em que você sai sabendo que a vida é difícil, mas que mesmo assim é vida, e precisa ser vivida”, comenta Duda Rios, que assina a direção junto com Denise Stutz. “A peça é muito delicada e muito divertida também, do início ao fim. O povo tentehar, da Zahy, é um povo muito brincalhão.”
Na encenação, as histórias da mãe, falecida em 2019, narradas por Zahy dividem espaço com o canto. E o português às vezes cede lugar ao ze’eng eté, a língua nativa da atriz. “A Zahy é uma grande contadora de histórias. Herdou isso da mãe. Na aldeia, as pessoas se reuniam pra ouvir a Azira’i, as narrativas que ela criava.”
Outros dois espetáculos da Mostra Lucia Camargo foram laureados no Prêmio Shell de 2024: “Leci Brandão – Na palma da mão” (Melhor Direção para Luiz Antonio de Pilar, pelo Júri do Rio de Janeiro) e “Mutações” (Melhor Iluminação para Aline Santini, por São Paulo). Além disso, a peça “A Aforista”, que fez sua pré-estreia na edição de 2022 de Festival, ganhou o prêmio de Melhor Figurino (Karen Brusttolin, São Paulo).
A Mostra Lucia Camargo é apresentada por Banco do Brasil, Sanepar e Tradener – Comercialização de Energia, com patrocínio de EBANX, Banco CNH Industrial e New Holland, ClearCorrect, Copel – Pura Energia, Brose, UNINTER e GRASP.
Acompanhe todas as novidades e informações pelo site do Festival de Curitiba www.festivaldecuritiba.com.br, pelas redes sociais disponíveis no Facebook @fest.curitiba, pelo Instagram @festivaldecuritiba e pelo Twitter @Fest_curitiba.
Serviço: “Azira’i” Mostra Lucia Camargo – 32º Festival de Curitiba Datas: 6 de Abril, às 20h30 7 de Abril, às 19h Local: Teatro da Reitoria Classificação: 12 anos Duração: 90 min Gênero: musical
Ficha técnica Um solo de Zahy Tentehar Dramaturgia: Zahy Tentehar e Duda Rios Direção: Denise Stutz e Duda Rios Direção de arte e design gráfico: Batman Zavareze Trilha sonora original: Elísio Freitas Iluminação: Ana Luzia Molinari de Simoni Figurinos: Carol Lobato Direção de produção e produção artística: Andréa Alves e Leila Maria Moreno.
Fotografia: Daniel Barboza.
Comentários